terça-feira, 8 de setembro de 2009

Desde que as minhas filhas começaram a falar e defender as suas próprias opiniões (e elas são firmes nisso), que eu comecei a pensar na minha própria infância, e me peguei sentindo os cheiros e rindo sozinha. As minhas filhas são tão diferentes uma da outra e fazem um misto de maturidade com ingenuidade, uma delas é até um pouco cética, muitas vezes (na sua maioria, duvida, inclusive da existência de Deus, segundo ela, Deus é invenção do humano, assim como a mitologia grega... a minha questão é que elas têm apenas 9 anos) o que compreendo, é que tenho o dever de respeitar a fase e as opiniões delas, assim como, a minha foi respeitada; a grande diferença é que na minha época só tínhamos o Balão Mágico e gibi da Turma da Mônica e no mais eu só ouvia Chico Buarque, Maria Betânia e Cia, pq vivia no meio de um bando de adultos excêntricos e hippies, lembro que a minha casa era a mais diferente da rua, eu era a estranhinha da escola (podia ter causado traumas indescritíveis...rs,). Na minha casa não tinha sofá, pq minha mãe acreditava que distanciava as pessoas (ela estava certa), todo mundo comia no chão sentado em almofadas (hj adoro fazer isso e na minha casa é assim na maioria das vezes). A minha casa vivia lotada de estudantes de jornalismo e Direito, escutava esses papos e no final não tinha muito papo com as crianças da minha idade; sempre ganhava livros de presentes das amigas da minha mãe, ou seja, em muitos aspectos tenho que agradecer meus gostos e minhas escolhas à ela; ela era a única mãe solteira que eu conhecia, e descobri muito cedo que naquela época ser "mãe solteira" era qs ter parido o filho do capeta, ou seja, eu era o filho do capeta...rs! Comecei cedo a assistir futebol, aprender a xingar o juíz (sem palavrões, isso ela ainda não permitia). Nunca tive uma Barbie (isso tb podia traumatizar, mas foi bem melhor assim), pq ela acreditava que a mulher brasileira não era assim, que àquilo era a visão errada da mulher consumista e etc e tal (novamente ela estava certa); apesar disso, eu podia sair maquiada, usar a roupa que queria, fazer qlq penteado no cabelo, ela não ligava e saia comigo mesmo assim, algumas vezes eu lembro, parecia uma coisa de outro mundo, a roupa estava tão fora dos padrões e os penteados tão estranhos, a cara com maquiagem verde e até com os sapatos dela..., acredite, ela não usava nenhum alucinógeno, cresci assim, posso garantir, foi muito bom, na maioria das vezes fiz as escolhas certas pq ela me permitiu fazê-las, sem pressão. Acredito que até hj a influência da minha mãe é muito forte p mim, ela não come carne, no começo eu achava isso estranho, hj acredito que novamente ela está certa, sendo assim, nos últimos tempos tenho melhorado a alimentação em 100%, como brotos germinados em casa, não uso sal, não como açucar (apenas os dos alimentos), meu prato é tão verde e colorido que eu mesma fico orgulhosa. Foi essa mulher de 1,54 de altura que me ensinou a ter cárater e respeitar as pessoas, não trapacear, conquistar as coisas com trabalho e falar sempre a verdade, perceber a malícia dos falsos e deixar claro que vc sabe das suas pretensões; sempre me disse p acreditar nos instintos e sentimentos, mas nunca deixar a razão de lado; se eu conseguir passar metade disso p as minhas filhas...nossa, será o suficiente para que elas conquistem o mundo com suas próprias pernas e tornem-se grandes mulheres... O que vejo nas minhas crias, é que elas são essencialmente mais antenadas que eu na mesma idade, inteligentes, com argumentos fundamentados para defender suas opiniões, que tem tiradas para as horas mais inusitadas...as crianças índigos...rs!

Bjs,

Carla =)

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