terça-feira, 24 de julho de 2007

A magia de ser mãe



Acredito que o momento mais importante da minha vida foi o dia que descobri que estava grávida, que dentro de mim alguém já existia, esse momento foi apenas superado pelo dia que descobri que não carregava apenas uma, mas duas vidas, duas pessoas. Ser mãe é literalmente alterar as leis da Física, pois dois corpos estão ao mesmo tempo ocupando o mesmo lugar, no meu caso, três corpos. Não conheço nenhum outro ser humano,exceto a mulher, a mãe, que posso dizer que carrega uma alma dentro de outra, não estou desmerecendo os pais (homens), mas a mulher tem umacaracterísca mágica, ela leva dentro dela outra alma, a mãe durante a gestação sente-se um pouco Deus, é como se o próprio todo poderoso nos desse a oportunidade de sentir esse milagre, realizado 50% pelo nosso corpo e 50% pelas mãos do Homem lá de Cima, no meu caso, eu carregava três almas, milagre triplo...rs! A mãe sente o filho crescendo dentro dela, estabelece uma relação que nenhuma outra pessoa consegue estabelecer, sente o bebê mexer, fazer gracinhas e dormir, sente reclamar de fome e esse vínculo permanece mesmo depois do seu nascimento, quando mesmo sendo mães de primeira viagem, sabemos diagnosticar choros, manhas, dores, sabemosexatamente o que sente essa pessoinha tão pequena sem que ela precise falar, quando ela nasce a primeira voz que reconhecerá será a da mãe e é exatamente essa voz que acalmará seus momentos de choro.
Ser mãe, é estar apaixonada por uma pessoa que você nem mesmo conhece a carinha, que nem sabe os gostos e que costumes terá, é amar o desconhecido, é ter certeza que é absolutamente capaz de dar a sua própria vida por essa criaturinha desconhecida, sabemos, nós mães, que se numa sala de cirurgia, no momento do parto o médico nos mandasse escolher, entre a nossa própria vida e a do bebê, escolheríamos a dele, faríamos essa escolha sem pestanejar, sem pensar duas vezes, pois mãe é abnegação.
Ser mãe, é se achar linda mesmo com a barriga cheia de estrias, celulite para todos os lados, uns 15 kg acima do peso, ficar com a boca e o nariz parecendo duas bolas, precisar de ajuda para tomar banho e deitar, levantar umas dezenas de vezes durante à noite para fazerxixi, ou querer fazer xixi sempre nos lugares mais inconvenientes, passar duas horas para entrar e sair de um carro, enfim demorar três vezes mais para fazer algo que você sempre fez com olhos fechados, mas sentir uma enorme gratificação quando sente o bebê mexendo; eu passei a gravidezinteirinha, sempre acompanhando o tamanho das minhas filhas, olhava que peso estariam, quantos centímetros, com que carinha estariam, se já estava tudo formadinho, passava horas na internet lendo, tinha uma tabela que ganhei do meu obstetra e adorava perceber como elas estavam desenvolvendo bem..., eu cantava para elas, conversava com elas todos os dias, contava como tinha sido meu dia e que as amava muito, parecia para quem olhava de fora um papo de maluco, alguém conversando com uma barriga...mal sabiam que elas sempre respondiam com umamexidinha, com um chutinho nas costelas...rs, tivemos altos papos, alguns que pareciam mesmo intermináveis.
Quando estamos grávidas sentimos que somos responsáveis por aquela pessoa que está dentro da gente, mas essa responsabilidade é real quando na sala de parto o obstetra nos apresenta cara-a-cara esse desconhecido que você amava já desde o começo da gravidez, e que amavaincodicionalmente, eu senti um nó na garganta quando olhei a carinha delas pela primeira vez, primeiro me deram a Ju, ela era enorme, tinha um buchechão lindo, estava toda sujinha de sangue, mas isso nem é notado na hora, ela tinha os olhinhos lindos e pareciam estar olhando para mim; depois me trouxeram aLuluka, que na verdade havia nascido 1 minuto antes da Ju, a Luka era mais magrinha, a Ju nasceu com 3,800 Kg e 47 cm e a Luka com 3, 370 Kg e 43 cm, parecia uma catita (aqueles ratinhos pequenos), mas era linda, parecia preguiçosa, nem se deu ao trabalho de abrir os olhinhos, mas depois me mostraria à que veio...tinha uma garganta bendita...rs, quando estava com fome então, era o maior grito que eu já pude presenciar; eu estava completamente apaixonada e confirmando apenas o que eu já sabia...eu as amava mais do que tudo nesse mundo, senti o peso da responsabilidade, mas acima de tudo senti a coisa maisgostosa desse mundo...amor!!
Cada detalhe do corpinho delas eu sei de cor, cada maneira de sorrir, conhecer a voz, saber quando querem me contar algo e estão sem jeito, conheço a personalidade, as características psicológicas, ontológicas e até epistemológicas...rs; elas sabem das coisas que gosto, sabem ao que me dedico nos estudos, eu sei o que elas gostam, do que não gostam, sei como dormem e a maneira preferida de deitar, como aJu se mexe à noite e como a Luka se encolhe no frio (fica parecendo um tiquim no gente), a Luka adora beijar, a Ju também, mas não gosta que eu fique apertando e abraçando...já a Luka adora. A magia sobrehumana de ser mãe, nenhum outro ser humano poderá sentir, pelo menos até onde eu conheço pelos métodos naturais e mágicos de Deus. Dizem que ser mãe é padecer no paraíso, acho que tem um certo sentido, mas mesmo quando fazem birra e depois nos deitamos antes de dormir e pensamos...rimos sozinhas com aquelas atitudes demolecas sapecas que sabem articular as frases para convencer, algumas vezes sem nem mesmo saberem articular as palavras...algumas vezes fazem coisas que temos que darbroncas , quando na hora gostaríamos de cair na gargalhada, mas para manter a moral, permanecemos firmes, mesmo que depois num cantinho escondido deixemos o riso correr solto, a ponto de chorar de tanto rir, isso já me aconteceu inúmeras vezes.
É simplesmente sobrenatural, ver uma pessoa que estava dentro de você, agora está fora, falando, brincando e trazendo felicidade para a vida, e isso nos faz querer sempre um mundo melhor, querer a paz no mundo, querer coisas que antes, talvez, não procuramos realizar com tanto vigor; ser mãe algumas vezes é até ser um pouco egoísta, quando eles nascem, nos comportamos como verdadeiras leoas, quando alguém vai visitar e pega de mal-jeito, nem sempre falamos, mas os nossos olhos são quase de águias, encima, cuidando...o que queremos é apenas o bem-estar dessas pequenas pessoas, que enquanto estavam em nossos ventres eram apenas nossas, depois que nascem não conseguimos fácil desvincular o cordão umbilical imaginário, que nos liga, nenhum médico com sua tesoura, consegue cortar, nenhuma psicologia freudiana com seuscomplexos edipianos , conseguem quebrar, ser mãe não tem manual, é instinto que nenhum outro ser humano, a não ser a mulher tem a possibilidade de experimentar. O amor que sinto pelas minhas filhas é a coisa mais pura que já senti por alguém, é a personificação do amor.

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